"Assistir ao
Requiem de Mozart no Teatro São Pedro foi poder enfim presenciar o
que há muito esperava ver, Patricia Endo em cena. Conheço-a há
muitos anos mas ainda não tinha tido a oportunidade de apreciar-lhe
o cantar ao vivo.
A música que em dado momento começou a se expressar por meio daquela
voz foi algo que muitíssimo me impressionou, e não só pela beleza,
mas fundamentalmente pelo senso de serviço à obra que ali se nos
ofertava. Absoluto rigor com a sensibilidade da artista que è, mais
ainda o absoluto respeito ao compositor-gênio que ali era trazido e
traduzido por ela e por seus colegas de concerto.
Capaz de aliar precisão e expressão na sua voz e na sua postura
elegantemente femininas, sobretudo na dedicação completa à sua parte
naquela execução do Requiem – nada a mais nem nada a menos-, tudo a
um só tempo e com máxima beleza, Patricia Endo deu um show de
maturidade artística: o coração voltado para a música, a figura
completamente preenchida por uma expressão fluente, a voz que parece
vir não se sabe de onde para tocar a nossa emoção e revelar muito
mais do que se possa ouvir e compreender".
Trata-se de um soprano de excelente formação, cujo desenvolvimento vem traçando um arco ascendente, e tem muito a oferecer à vida musical brasileira".
Lauro Machado Coelho - Crítico de música do “Caderno 2” de O Estado de S. Paulo
Patricia é uma profissional muito respeitada em nosso país não só pelo talento, mas pela dedicação, seriedade e disciplina que são conhecidas como sua 'marca registrada'. A par dessa postura, encontramos nela uma artista de fina sensibilidade.
Sua construção do personagem Gilda, foi de uma delicada sutileza que comoveu a todos quando assistiram àquela temporada".
Inacio De Nonno - Baritono
Quem assistiu, em 1988, pela TV Cultura, aquele grande sucesso que foi a representação de Bastien und Bastienne de Mozart - tantas e tantas vezes repetida - não poderia imaginar que, por trás daquele soprano que cantou a parte de Bastienne com rostinho e voz de anjo, se escondesse uma pesquisadora séria e compenetrada do calibre de Patricia Endo.
O respeito solene que Patricia, como todos os bons estudiosos, dedica aos grandes do passado, é o mesmo com o qual ela se prepara para seus papéis na cena lírica. São Paulo pôde apreciar sua arte em partes tão diferentes como a Susanna mozartiana em Le nozze di Figaro e Medeline em The Fall of the House of Usher de Philip Glass, e asistir também a sua insequecível criação de Rosalinde em Die Fledermaus de J. Strauss, além de Justina no Dom Casmurro de Ronaldo Miranda e Gilda, a filha do bufão verdiano em Rigoletto.
Talvez por ter dentro de si um pouquinho de cada uma de suas personagens, Patricia as encarna com tanta força no palco, com interpretações sensíveis e inteligentes que refletem os vários aspectos de sua personalidade artistica multi-facetada e que mostram o quanto esta artista brasileira pode contribuir para a arte lírica no Brasil e fora dele".
Sergio Casoy - Pesquisador de música lírica
"O
Autógrafo, de Patrícia.
1995. Cultura FM de São Paulo. Num de meus primeiros trabalhos
profissionais, fui escalado para produzir uma série de programas
idealizada por uma cantora de ópera. Sabia apenas o seu nome,
Patrícia Endo. Não nos conhecíamos pessoalmente.
A
história foi mais ou menos assim: Patrícia havia ficado semanas a
fio trancada nos arquivos da rádio MEC, no Rio de Janeiro,
garimpando antigos registros, entrevistas, documentos sonoros.
Depois, havia tido toda a paciência do mundo de copiar o material
para fitas K-7 (sim, coisa do passado) para que pudéssemos
utiliza-lo em São Paulo.
Logo em nosso primeiro encontro começamos a nos entender. Empatia
absoluta. Quando fomos apresentados, Patrícia já tinha a estrutura
dos programas muito bem definida: temas, gravações, idéias.
Discutimos um pouco, garimpamos nosso acervo. A série em 13
capítulos viria a se chamar: Autógrafo, as vozes brasilerias na
ópera. Sucesso.
Desde sempre, vislumbrei a importância do projeto, que iria revelar
grandes vozes do século 20 esquecidas pela curta memória brasileira.
Além de transparecer os cantores nossos contemporâneos com pouca
exposição ao público não especializado.
Me lembro da nossa “grande” produção que além dos vários locutores,
lançou mão de atores (sim, tínhamos cenas de ficção!) e muita, muita
escuta de repertório. Me lembro da Patrícia ao meu lado, na cabine
de edição manuseando fitas e fitas. Me lembro da Patrícia,
perfeccionista, querendo sempre mais. Nesse ponto, sempre
concordávamos. Me lembro do especial dedicado à Bidu Sayão onde
reeditamos uma célebre entrevista da cantora. Foram horas e horas de
manipulação do som, numa época em que operávamos em fita rolo.
Pequenos pedacinhos da entrevista eram colados aqui e ali. Resultado
emocionante.
Cantora de atitude, generosa e bem-humorada, Patrícia Endo era o
verdadeiro Autógrafo. Ela sim, a grande personagem daqueles
programas, dividindo seu palco sonoro com tantos outros cantores
colegas seus".
Júlio de Paula - Produtor da Rádio Cultura FM de São Paulo
"Sobre Patricia
Endo...
Trabalhar e criar com Patricia Endo é um prazer. Uma artista que
está à frente do seu tempo, sempre investigando e buscando novas
idéias e novos ideais, se permitindo ousar e fazer da sua arte algo
mais do que simplesmente estar em cena. Com sua seriedade e talento,
faz o seu trabalho cumprir uma meta que para mim é fundamental na
criacáo artística – provocar, fazer pensar, trazer à tona reflexáo e
emoçáo".
Kleber Montanheiro - Diretor teatral
Finalmente, nas nove apresentações que fizemos juntas, com Licio Bruno, a certeza de que Patricia Endo é dona de uma interpretação sensível e sólida, que arrebata todas as platéias do mundo...".
Patrícia Bretas - Pianista
Foi maravilhoso constatar que os amigos não mentiam e que a reputação era mais que justa.
Ao lado de Licio Bruno, num concerto do projeto Só Duetos, Patricia era, antes de mais nada, uma bela e imponente presença cênica. Ao primeiro acorde, sua imagem alçava vôo nas asas da voz, alternando delicadeza, malícia e emoção densa, conforme pedia a canção. Através de clássicos do cancioneiro brasileiro e do repertório da Broadway e do cinema, Patricia parecia nos arrastar pela mão para o sentido mais profundo de cada frase e as camadas mais penetrantes de cada melodia. Poucas vezes vi tanta precisão conjugada com tão fina sensibilidade.
O ato de cantar era mais que um ofício ou uma rotina - era a cantora pondo sua alma a nu, de maneira quase obscena, diante de seu público.
Naquela tarde inesquecível, vendo e ouvindo Patricia Endo, compreendi um pouco melhor o mistério da Música".
Carlos Alberto Mattos - Crítico de cinema e escritor
Magda Painno - Mezzo-soprano